As paradas são os principais eventos de manutenção de plantas industriais. Elas garantem a confiabilidade do maquinário, disponibilidade operacional da planta e performance dos ativos durante a próxima campanha (período entre duas grandes paradas industriais). Que a realização das paradas é essencial para a manutenção das plantas industriais não há dúvidas. Já a categorização da parada como projeto ou rotina é uma discussão recorrente dentre os profissionais. Acompanhe nosso texto e entenda de uma vez por todas se a parada de planta deve ser encarada como projeto ou como rotina.
Introdução
As paradas industriais, também conhecidas como paradas de manutenção, grandes paradas ou paradas de plantas, visam restaurar e/ou melhorar as condições dos equipamentos e instalações industriais da empresa. Desgastes provocados por corrosão, erosão, perda de lubrificação e outros fatores são comuns devido às operações contínuas da produção. Operações estas, que não podem ser interrompidas sem comprometer a produção e até mesmo os próprios equipamentos.
De uma forma geral, existem 3 tipos de paradas de manutenção:
- Parada programada: há a cessação total da produção e liberação de todos os sistemas e equipamentos. Dependendo do tamanho da planta, a parada programada geral pode parar a produção de toda a planta, ou a produção de todo um setor. Estas paradas programadas são realizadas de período em período, normalmente a cada ano, representando um importante evento para a empresa. Nessas grandes paradas são realizadas manutenções de maior complexidade, projetos e serviços específicos visando modernização dos equipamentos, automatizações, atendimento a demandas de segurança ou aumento da capacidade de produção.
- Parada programada parcial (ou parada de oportunidade): trata-se da parada parcial de um equipamento ou setor. É realizada durante a campanha, uma ou mais vezes, gerando um impacto na produção bem menor se comparado à uma parada geral. Estas paradas parciais possuem duração mais curta (é comum durações entre 8 e 48 horas) e acontecem em períodos menores, que dependendo do equipamento, podem ser bimestrais, mensais ou semanais. Normalmente são executados serviços específicos de manutenção.
- Parada não programada: aquela provocada por uma falha inesperada em equipamento ou sistema, sendo necessário parar a produção para realização do serviço de reparo.
As grandes indústrias realizam várias paradas durante o ano, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte. Estes conceitos e atividades, portanto, são comuns no dia a dia de profissionais da área de manutenção e engenharia.
As grandes paradas precisam de um planejamento detalhado, que muitas vezes acontece ao longo de todo o período da campanha. É nesse momento que acontecem os serviços mais complexos e são realizados os maiores investimentos, como o sustaining (ou ordens de serviço sistemáticas, aquelas que são automaticamente geradas pelo sistema de manutenção obedecendo uma criticidade em seu ciclo) e o CAPEX (investimento de capital, que será explicado mais à frente no texto).
E mesmo as paradas de pequeno porte ou semanais necessitam de um planejamento. Neste último caso, entretanto, o gerenciamento do escopo tende a ser mais simples, pois é comum uma similaridade de muitos serviços, possibilitando maior gestão por parte da equipe de manutenção. De uma forma geral, essas pequenas paradas têm como foco os consertos rotineiros que só podem ser realizados com o maquinário parado.
Diferença entre projetos e processos de rotina
Tem-se como projeto, um esforço temporário com objetivo pré-determinado, definido e claro. Possui início, meio e fim determinados, além de duração e recursos delimitados, devendo resultar em um serviço ou produto único.
Alguns exemplos de projetos no contexto industrial: Instalação de um novo equipamento, troca de uma ponte rolante, modernização e/ou automatização de algum sistema ou dispositivo, instalação de itens de segurança para atendimento a NR’s (Normas Regulamentadoras), expansão da área de produção.
Já os processos de rotina representam um conjunto contínuo e característico de ações com objetivo comum, ou seja, são ações e decisões repetitivas que buscam por um mesmo resultado, com um grande foco em padronização.
Ações como a lubrificação do maquinário, manutenções preditivas, trocas de peças e outras atividades pequenas que não impactam na disponibilidade do equipamento são considerados processos de rotina.
CAPEX e OPEX
CAPEX (Capital Expenditure) e OPEX (Operational Expenditure) podem ser consideradas modalidades de investimentos de uma empresa, ou seja, são as verbas disponíveis para gastos e investimentos da organização.
CAPEX pode ser definido como a quantidade de recursos financeiros alocados para a aquisição ou introdução de melhorias em bens de capital de uma determinada companhia, investimentos estes que aumentarão o ativo da organização.
OPEX são as despesas operacionais, destinadas à manutenção das operações rotineiras da organização.
Nas paradas de plantas industriais é comum que sejam utilizadas verbas provenientes tanto do CAPEX quanto do OPEX, pois além das melhorias planejadas (projetos de CAPEX), costuma-se aproveitar a parada do equipamento para se realizar os grandes serviços de manutenção com foco em restabelecimento da vida útil do equipamento. Essa otimização dos serviços durante a parada da planta tem como objetivo minimizar o tempo de planta parada e consequente perda de produção.
O escopo de alguns serviços a serem realizados nas plantas industriais posiciona-se em um limite muito tênue entre restabelecer a vida útil do equipamento ou aumentar essa vida útil, gerando dúvidas sobre a melhor classificação contábil para a atividades. Dessa maneira, é comum subjetividade na classificação de alguns serviços entre CAPEX e OPEX. Por este motivo, as organizações definem critérios, de maneiras diferentes entre si, sobre como classificar o CAPEX ou OPEX nos serviços a serem realizados nas grandes paradas.
Alguns exemplos são:
- Quando o custo é maior do que 30% do valor do equipamento, se enquadra como CAPEX;
- Se há mudança da tecnologia é CAPEX, se a tecnologia for a mesma é OPEX;
- Quando há o aumento da vida útil CAPEX, e quando há o restabelecimento* desta se enquadra como OPEX.
* Quando o equipamento foi instalado, foi feita uma análise de viabilidade, na qual foi definida uma premissa da vida útil. Mas algumas partes do equipamento são desgastadas com o tempo, a troca destas, visa restabelecer essa vida útil inicial e é categorizada como OPEX pois se trata de uma atividade de manutenção rotineira.
E afinal, a parada é projeto ou rotina?
As paradas industriais são eventos temporários, pois possuem duração pré-determinada. Vale ressaltar que há a expectativa de que as paradas durem o menor tempo possível, pois quanto menor o tempo utilizado para as paradas, menor será seu custo final, visto que o custo de uma planta parada é extremamente alto (considerando que as grandes indústrias estejam trabalhando próximo ao limite de sua capacidade de produção, pois se há ociosidade na produção, as premissas para decisão sobre tempo de parada passam a considerar outros direcionadores estratégicos).
Apesar de as paradas acontecerem com determinada recorrência (em função da vida útil dos equipamentos, que precisam de revisões e/ou melhorias com determinada frequência), cada uma necessita de um escopo exclusivo. Visto que, apesar de alguns serviços de manutenção se repetirem constantemente, o conjunto de serviços que serão feitos é sempre único.
Além dos pontos apresentados acima, há também o envolvimento de pessoas, equipamentos, riscos, aquisições e vários outros conceitos que se alinham com a gestão de projetos.
Conclusão
As paradas industriais são projetos! Mesmo que tenham atividades pagas pelo CAPEX e pelo OPEX, e que algumas atividades de repitam, a parada como um todo é sempre única. E por isso elas necessitam de um grande planejamento para ocorrerem.
Com a aplicação das boas práticas de gestão de projetos, é possível se ter um diferencial para o sucesso das paradas e para uma maior segurança em seus andamentos.
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